Poema do livro A Casa dos Mil Quartos

Havia ali uma casa
Que mil quartos ela tinha
Sendo de muitas moradas
Sempre tinha alguém que vinha.

Vinha de um quarto ao outro
Cruzando por uma sala
Passando nos corredores
Quieto, sem muita fala.

E às vezes se cruzavam
Trocando olhares sombrios
Às vezes nem se falavam
Qual fossem corpos vazios.

A casa era gigante
E pequena ao mesmo tempo
Abrigava ao mesmo instante
Todos que estavam ao relento.

“E a dona dessa casa
Se chamava solidão
Caminha por todos os cômodos
Olhos fixos no chão.
Nunca olha pra ninguém
Mas vê e conhece a todos
Sabe a dor que todos têm
Em seus íntimos refolhos.”

Em casa quarto da casa
Quase sempre está presente
Queima, arde como brasa
Mesmo quando está ausente.

Na casa dos mil quartos
Cabem todos, sobra espaço
Vejo quase todo mundo
Nos corredores que passo.

Ontem mesmo eu te vi
De olhar tristonho a passar
Passei rente, juntos a ti
E não quiseste me olhar.

Mas eu, porém, insisti
Desafiei teu olhar
Porém depois desisti
Temi poder me queimar.

E a casa dos mil quartos
Nos guarda dentro de nós
Se do mundo estamos fartos
Quando nos sentimos sós.

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